Conectando emoções e resultados

Nos últimos anos, os departamentos de marketing dos escritórios de advocacia têm se tornado cada vez mais adeptos de métricas e ferramentas tradicionais, como Google Analytics e Meta Ads Manager. Embora essas ferramentas sejam eficazes para mensurar resultados, elas não oferecem uma visão completa do comportamento humano. Imagine se pudéssemos ir além e analisar o que realmente acontece dentro do cérebro dos nossos clientes. A boa notícia é que isso é possível através do neuromarketing.
Neuromarketing: A Interseção entre Neurociência e Marketing
O neuromarketing, que começou a ganhar destaque há cerca de 20 anos, combina a neurociência com práticas de marketing para entender como os consumidores respondem a diferentes estímulos. Utilizando tecnologias como eletroencefalografia (EEG) e ressonância magnética funcional (fMRI), essa disciplina permite medir as respostas fisiológicas a estímulos de marketing, fornecendo dados objetivos sobre o impacto das mensagens.
No entanto, para os escritórios de advocacia, não é necessário investir em tecnologias complexas. Podemos nos basear em estudos já realizados por grandes marcas. Compreender e utilizar estratégias de neuromarketing na advocacia pode transformar significativamente o processo de decisão do seu escritório, tanto na prospecção de novos clientes quanto no fortalecimento de relacionamentos.
Conexão Emocional com o Cliente: Pensando Rápido e Devagar
Segundo Daniel Kahneman, prêmio Nobel e uma das maiores referências em comportamento humano, o pensamento pode ser dividido em duas categorias: o rápido, que é emocional e intuitivo, e o devagar, que é racional e analítico. Porém, ao contrário do senso comum, a maioria das decisões é tomada pela emoção, já que o pensamento rápido domina até 95% das escolhas.
No ambiente jurídico, é fundamental priorizar uma comunicação clara e emocional, que atenda às necessidades dos clientes. Para isso, é importante evitar o uso excessivo do juridiquês e ilustrar os conceitos com exemplos práticos. Essa abordagem não só estabelece uma conexão mais forte com o cliente, mas também cria um ambiente de confiança, elementos essenciais para facilitar a tomada de decisão.
Apesar de o conhecimento jurídico ser extremamente valioso, a formação acadêmica nas mais renomadas instituições frequentemente o transforma em uma commodity, nivelando o mercado de forma previsível. Em um cenário onde o conhecimento técnico por si só já não é suficiente, habilidades interpessoais, chamadas “soft skills”, como empatia e comunicação eficaz, destacam-se como diferenciais essenciais.
Estabelecimento de Confiança: Pirâmide do Nielsen Norman Group
A construção da confiança é crucial no processo de decisão dos clientes ao contratar serviços jurídicos. Muitas vezes, os clientes hesitam em compartilhar suas informações pessoais devido à falta de confiança em um escritório que não oferece subsídios suficientes para estabelecer essa relação. Para que os potenciais clientes se sintam confortáveis ao fornecer seus dados, o escritório precisa comunicar-se de forma clara e eficaz, apresentando-se de maneira transparente e acessível. Se o escritório não consegue transmitir segurança, seja por meio da usabilidade do seu site ou pela qualidade de suas interações nas redes sociais, o cliente pode se sentir inseguro em avançar com a contratação.
Para transmitir segurança, é fundamental que o escritório mostre não apenas seu conhecimento técnico, mas também a qualidade de sua infraestrutura. A Pirâmide da Confiança, proposta pelo Nielsen Norman Group, ilustra essa dinâmica, onde a confiança se constrói em três níveis: funcional, estrutural e emocional. O nível funcional é alcançado por meio de uma interface amigável e informações claras, enquanto o nível estrutural é estabelecido pela credibilidade da marca, visível em depoimentos e avaliações. Por fim, a confiança emocional se desenvolve quando o escritório demonstra empatia e conexão com o cliente, fatores que são essenciais para a decisão de contratação.
A internet é uma das principais ferramentas para construir essa confiança. Um site bem elaborado, redes sociais ativas e presença em plataformas de avaliação ajudam a criar uma imagem sólida e confiável do escritório. Além disso, produzir conteúdo relevante, como artigos, vídeos, podcasts e participar de entrevistas e palestras, contribui significativamente para a construção da autoridade do escritório no mercado. Essa presença digital sólida não apenas aumenta a visibilidade, mas oferece a segurança necessária para que os clientes se sintam confortáveis em avançar com a contratação dos serviços, favorecendo a decisão final.
O uso do neuromarketing vai além do marketing digital; ele pode ser aplicado em diversas áreas, como no design de materiais informativos, na melhoria do atendimento ao cliente e na otimização da comunicação interna. Iniciativas simples, como um site bem estruturado, um atendimento atencioso e uma apresentação clara de preços, são exemplos de como a comunicação assertiva e a empatia podem ser incorporadas dà experiência do cliente. Portanto, ao adotar esses princípios, os escritórios de advocacia não apenas aumentam suas taxas de conversão, mas também estabelecem uma base sólida de confiança e satisfação, fundamentais para a fidelização de seus clientes.

DIEGO PARRA é gerente de Marketing e Business Development no Battaglia & Pedrosa Advogados, especialista em Neuromarketing e estratégias de marketing jurídico. Possui ampla experiência em inbound marketing, SEO, análise de dados e coordenação de produção de conteúdo. Co-autor do livro digital “Pedindo Vista” e colunista do site www.onmarketingjuridico.com.br e palestrante convidado na Fenalaw.